Por anos, a Reforma Tributária foi tratada como uma promessa distante, debatida entre técnicos, legisladores e especialistas em um universo aparentemente alheio ao dia a dia empresarial.
Mas esse tempo acabou.
A Emenda Constitucional nº 132/2023 não só foi aprovada — ela começou a ser colocada em prática. E junho de 2025 é o ponto de virada: é quando a teoria começa a se transformar em rotina para centenas de empresas brasileiras.
Cerca de 500 companhias, de diferentes portes e segmentos, iniciaram os testes operacionais da nova estrutura tributária. Essas empresas foram convidadas (ou convocadas) a experimentar, na prática, como será apurar e recolher tributos sob o novo sistema que substituirá PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
Esse movimento marca o início de uma transição real — e irreversível.
A pergunta que importa agora não é “quando começa?”, mas sim:
“como minha empresa vai se adaptar?”
A resposta depende de como você enxerga o cenário.
- Para quem ignora, a reforma ainda parece algo abstrato.
- Para quem entende, é uma oportunidade de se antecipar, corrigir processos e criar vantagem competitiva.
Se você lidera, gere ou presta consultoria para uma empresa, saiba: a reforma já está te afetando, mesmo que indiretamente.
Seja pela estrutura de preços, pelo fluxo de caixa ou pela exigência de reconfiguração de sistemas fiscais — o impacto já está em movimento.
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| O que está mudando: do sistema atual para o IVA Dual
O sistema tributário brasileiro sempre foi reconhecido pela sua complexidade, sobreposição de competências e altos custos de conformidade. Com a Reforma Tributária, o país dá um passo ousado — e necessário — na direção de um modelo mais racional, baseado no Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Mas atenção: não é um IVA único. É um IVA dual.
O que está saindo de cena?
A Reforma prevê a extinção, em etapas, de cinco tributos:
- PIS
- Cofins
- IPI
- ICMS (estadual)
- ISS (municipal)
Esses tributos serão substituídos por dois novos impostos:
- CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços (federal)
- IBS – Imposto sobre Bens e Serviços (estadual e municipal)
A lógica por trás dessa divisão é preservar a autonomia federativa — ou seja, manter a capacidade de arrecadação e gestão dos tributos tanto por parte da União quanto por estados e municípios.
Por que isso muda tudo?
O sistema atual, baseado em regras próprias para cada tributo, com regimes distintos e centenas de exceções, gera um ambiente de insegurança, retrabalho e alta litigiosidade.
Com o IVA dual, busca-se:
- Reduzir a cumulatividade;
- Simplificar a apuração;
- Uniformizar regras e alíquotas;
- Facilitar o aproveitamento de créditos ao longo da cadeia.
Em teoria, tudo parece mais simples.
Na prática, a transição exigirá uma mudança profunda na forma como as empresas calculam, controlam e reportam seus tributos.
| O que são os testes práticos de junho de 2025
Enquanto muitos ainda tratam a Reforma Tributária como algo “para o futuro”, 500 empresas brasileiras já estão operando sob o novo modelo — em ambiente de teste. E isso muda tudo.
Em junho de 2025, iniciou-se a fase de transição prática do novo sistema tributário. É o primeiro grande experimento real de como a CBS e o IBS funcionarão na rotina das empresas — desde a emissão de notas fiscais até a entrega das obrigações acessórias.
O que está sendo testado?
Não se trata apenas de simulações contábeis. Os testes envolvem:
- Processos de apuração de tributos nos moldes do novo IVA dual;
- Integração com sistemas da Receita Federal, estados e municípios;
- Execução do split payment (pagamento fracionado automático);
- Validação da nova escrituração fiscal digital;
- Mapeamento de possíveis conflitos entre os dois sistemas — o antigo e o novo.
Essas empresas estão ajudando o governo a ajustar o sistema, mas também estão se antecipando à curva de aprendizado. Elas saberão, com antecedência, como adaptar sua contabilidade, seus contratos e sua precificação.
Quem participa?
Embora o governo não tenha divulgado publicamente todos os nomes, o grupo inclui:
- Grandes indústrias;
- E-commerces de alto volume;
- Redes varejistas;
- Empresas de logística e tecnologia;
- Escritórios contábeis e empresas-piloto convidadas pelo fisco.
A escolha visa cobrir diferentes setores, formatos de operação e perfis de faturamento — garantindo que o modelo seja testado sob diferentes perspectivas econômicas.
O que isso significa para o restante das empresas?
A mensagem é clara: o novo sistema já tem data para nascer — e está sendo gestado agora. Quem não acompanha os testes, os relatórios e os aprendizados está perdendo tempo e competitividade.
| Principais mudanças operacionais: o que muda no dia a dia
A grande transformação da Reforma Tributária não está apenas no nome dos tributos, mas sim na forma como eles serão apurados, recolhidos e gerenciados no cotidiano das empresas.
E as mudanças operacionais são profundas. Vão exigir mais do que ajustes: vão exigir reengenharia fiscal.
1. Apuração com não cumulatividade plena
Diferente do modelo atual, o novo sistema prevê não cumulatividade total. Ou seja, todo tributo pago em etapas anteriores da cadeia poderá ser creditado integralmente.
Na prática, isso significa:
- Maior rastreabilidade das operações;
- Necessidade de controle minucioso de créditos e débitos;
- Impacto direto no custo final dos produtos e serviços.
2. Split payment: o imposto será automaticamente recolhido
Um dos pontos mais disruptivos é a adoção do split payment. Nesse modelo, ao invés do contribuinte recolher o imposto no fim do ciclo, o valor será automaticamente desmembrado na hora da transação e transferido diretamente ao fisco.
Consequências imediatas:
- Redução na inadimplência tributária;
- Menor controle da empresa sobre o fluxo de caixa;
- Mudança nas estratégias de conciliação bancária e financeira.
3. Novas obrigações acessórias e padronização nacional
Embora a promessa da Reforma seja a simplificação, a transição trará um período de convivência entre dois sistemas fiscais simultâneos — o antigo e o novo.
Isso pode resultar em:
- Sobreposição de obrigações acessórias;
- Dificuldade de integração com sistemas ERP desatualizados;
- Exigência de duplo controle contábil e fiscal, especialmente entre 2026 e 2032.
| Desafios da transição: onde as empresas podem tropeçar
A transição para o novo sistema tributário será gradual, com convivência entre o regime atual e o novo modelo por quase uma década — até 2032.
Esse “período híbrido”, longe de ser tranquilo, será uma verdadeira prova de fogo para empresas de todos os tamanhos.
- Conviver com dois modelos ao mesmo tempo
- CBS e IBS, no novo modelo;
- PIS, Cofins, ICMS e ISS, no modelo atual (com alíquotas e regimes distintos).
A duplicidade de sistemas exigirá:
- Mais controle interno;
- Processos padronizados e auditáveis;
- Equipes capacitadas para evitar erros, retrabalho e autuações.
2. Sistemas desatualizados e ERPs despreparados
Verifique se:
- Seu ERP está apto a operar com o modelo de IVA Dual;
- Há atualizações previstas para split payment e nova escrituração;
- Os módulos fiscais estão sendo desenvolvidos com base nos testes em andamento.
3. Falta de capacitação técnica da equipe
Invista em treinamentos para:
- Equipe contábil e fiscal;
- Analistas de TI e ERP;
- Gestores e tomadores de decisão.
4. Falta de acompanhamento legislativo e jurisprudencial
A reforma ainda está em construção normativa. É preciso acompanhar:
- Leis complementares;
- Decretos e portarias;
- Instruções normativas e manuais operacionais.
| Como se preparar agora: 6 ações estratégicas
“Quem se antecipa, lidera. Quem espera, corre atrás.”
1. Faça um diagnóstico fiscal completo
Revise:
- Regimes tributários utilizados;
- Tipos de operação (vendas, serviços, importações, etc.);
- Pontos de vulnerabilidade e riscos atuais.
2. Atualize seu ERP e sistemas de gestão
Se necessário, comece agora o processo de migração ou customização.
3. Capacite sua equipe
Empresas com time alinhado e atualizado sairão na frente — e cometerão menos erros.
4. Revise seus contratos comerciais
- Cláusulas de preços e reajustes;
- Cálculo de tributos incidentes;
- Condições de pagamento vinculadas a valores líquidos e brutos.
5. Reavalie sua precificação
Revise a estrutura de precificação considerando:
- Créditos tributários possíveis;
- Alteração na carga efetiva;
- Novo fluxo de caixa com impostos recolhidos na fonte.
6. Acompanhe os testes e normas complementares
Use as experiências dessas empresas-piloto como referência prática para ajustar seu próprio planejamento.
Diante do exposto, a Reforma Tributária já começou. E mesmo que sua empresa ainda não esteja entre as 500 participantes dos testes práticos, você pode (e deve) aprender com o que está sendo feito.
As empresas que enxergam a transição como oportunidade e não como obstáculo estão se preparando para um cenário de maior eficiência, menos litígios e vantagem competitiva.
O jogo mudou.
E você ainda pode escolher de que lado da mudança quer estar.
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