A Reforma Tributária sempre foi tratada como um grande projeto de futuro, algo que mexeria profundamente na forma como o Brasil cobra impostos, mas que parecia distante. Essa sensação acaba em novembro de 2025. É quando a mudança deixa os discursos e passa a bater na porta das empresas, com a exigência de que todos os documentos fiscais eletrônicos tragam os campos de IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) preenchidos em ambiente de homologação.
Na prática, é como se o país estivesse ensaiando, em escala real, o sistema que substituirá PIS, Cofins, ICMS e ISS. A partir de janeiro de 2026, esse ensaio ganha caráter definitivo, já que a obrigatoriedade migra para o ambiente de produção. Notas fiscais emitidas sem os campos de IBS e CBS, ou com preenchimento incorreto, serão rejeitadas automaticamente. Ou seja, empresas que não se prepararem a tempo enfrentarão um problema muito mais grave do que multas: não conseguirão sequer faturar.
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| Reforma tributária: Um cronograma longo, mas implacável
O desenho da transição é conhecido. Em 2026 teremos as chamadas “alíquotas-teste”, com CBS em 0,9% e IBS em 0,1%, convivendo com os tributos atuais. Em 2027 o PIS e a Cofins saem de cena, substituídos pela CBS em sua forma plena. De 2028 a 2032, será a vez de ICMS e ISS serem gradualmente trocados pelo IBS. Em 2033, finalmente, o novo sistema estará consolidado.
Isso significa que o Brasil viverá quase uma década de convivência entre dois sistemas tributários: o que estamos acostumados a usar e o que estamos aprendendo a operar. Para as empresas, isso não é apenas uma questão contábil. É um desafio operacional gigantesco, que pressiona processos, exige ajustes em sistemas e multiplica a complexidade das obrigações acessórias.
O governo fala em calibragem e compensação, tentando sinalizar que não haverá aumento de carga no curto prazo. Mas não há calibragem que resolva se a empresa não tiver tecnologia capaz de absorver as novas exigências. É como tentar atravessar uma tempestade em alto-mar com um barco remendado: não importa o quanto se reze, o risco de naufrágio é altíssimo.
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| O peso da tecnologia nessa transição
A cada mudança tributária, sempre surge a pergunta: “o que isso muda no meu dia a dia?” No caso da Reforma, a resposta é simples: muda tudo.
O novo sistema tributário é profundamente digital. A Receita Federal e os fiscos estaduais e municipais vão trabalhar em cima de cruzamentos automáticos, notas validadas em tempo real e parametrizações que não toleram improviso. A Nota Técnica 2025.002 v1.20 alterou o leiaute da NF-e e da NFC-e, criando campos específicos para IBS e CBS, redefinindo regras de validação e até mudando os códigos de retorno, que agora terão quatro dígitos. Também trouxe eventos novos, como a “Finalidade 6 – Nota de Débito”, obrigatória para casos de faturamento antecipado sem entrega da mercadoria.
Isso tudo significa que o antigo modelo, em que era possível “ajeitar depois” com uma retificação ou ajuste manual, está cada vez mais restrito. O processo de emissão fiscal deixa de ser uma mera formalidade e passa a ser uma etapa crítica do negócio, onde qualquer erro de parametrização pode impedir a venda, bloquear a entrega e até comprometer o fluxo de caixa.
| Um problema de caixa e de sobrevivência
A transição tributária não mexe apenas com sistemas. Ela impacta diretamente o caixa das empresas. O recolhimento antecipado em certas operações, somado à implantação progressiva do split payment, vai exigir que parte do imposto seja desembolsada no momento da emissão da nota, e não apenas quando o dinheiro entrar em caixa. Isso pode significar contratos que se tornam inviáveis, margens corroídas e capital de giro pressionado ao limite.
Imagine uma indústria que emite centenas de notas por dia. Se o sistema não estiver parametrizado corretamente para calcular IBS e CBS, a nota não será autorizada. A produção pode continuar rodando, os caminhões podem estar carregados, mas nada sai da fábrica sem a nota fiscal. O problema não é mais “pagar multa depois”, é ver o faturamento travar imediatamente. Essa é a dimensão do risco.
| A ilusão de esperar
Uma pesquisa recente mostrou que 60% das empresas já planejam adaptação, mas mais da metade ainda não destinou orçamento para isso. O retrato é claro: muitos sabem que precisam agir, mas acreditam que podem esperar até o último momento.
É uma armadilha perigosa. Novembro de 2025 não é apenas uma data simbólica. É a linha de corte que separa quem vai chegar em janeiro de 2026 com sistemas testados e quem vai descobrir, em produção, que o seu ERP não conversa direito com o ambiente fiscal. Testar em homologação é a única forma de evitar rejeições quando a validação se tornar obrigatória.
| O que significa estar preparado
Estar preparado não se resume a instalar a última versão do ERP. Significa revisar cadastros de produtos e serviços, atualizar classificações fiscais (NCM, CFOP, CST), treinar equipes para usar corretamente os novos campos, simular cenários de faturamento antecipado, devoluções e bonificações, e criar rotinas de auditoria e reconciliação.
Mais do que nunca, é preciso integrar a área fiscal com TI e finanças. Não adianta o fiscal conhecer a legislação se o sistema não traduz isso em regras de validação; não adianta o sistema estar pronto se o cadastro de produtos estiver errado. O que a Reforma exige é governança: processos sólidos, informações limpas e tecnologia confiável.
Durante anos, falamos da Reforma Tributária como um projeto futuro. Agora, ela é presente. Novembro de 2025 é o momento de verdade. Quem deixar para agir em janeiro estará tarde demais, arriscando não apenas multas e glosas, mas a própria capacidade de emitir notas fiscais e manter o negócio rodando.
A lição é simples e dura: sem tecnologia, muitas empresas não sobreviverão à Reforma. Mas aquelas que se anteciparem, testarem seus sistemas, treinarem suas equipes e reforçarem a governança fiscal não apenas sobreviverão — elas sairão à frente, com vantagem competitiva em um ambiente em que a conformidade tributária se tornará um diferencial estratégico.
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