Imagine vender um produto ou serviço e, no momento em que o valor entra na sua conta, uma parte já ter sido desviada automaticamente para o governo. Parece assustador? Pois é exatamente isso que propõe o modelo de split payment, ou pagamento fracionado, uma das grandes mudanças da Reforma Tributária em curso no Brasil.
No split payment, o valor total da nota fiscal não vai mais integralmente para a conta do vendedor. Em vez disso, a parcela correspondente aos tributos (IBS e CBS) é separada no momento da transação e transferida diretamente para os cofres públicos. O restante, líquido, é repassado ao fornecedor.
Esse modelo não é invenção brasileira. Países como Itália e Polônia já o utilizam, com o objetivo de reduzir a evasão fiscal, garantir maior controle do fisco e evitar fraudes no repasse de tributos.
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| Por que isso afeta seu fluxo de caixa?
O impacto é direto e imediato: sua empresa passa a receber menos na prática, ainda que o valor bruto da venda continue o mesmo. A parcela que antes entrava em caixa e era repassada à Receita via apuração agora nem chega a entrar — o banco ou intermediador financeiro faz o repasse automático.
Essa mudança quebra uma lógica tradicional de gestão de caixa. Empresas que se apoiavam no saldo disponível, mesmo que temporariamente inflado por tributos que seriam pagos futuramente, perdem esse “colchão financeiro”.
Além disso, a conciliação bancária, o fluxo de caixa projetado, as simulações financeiras e até a análise de viabilidade econômica de novos produtos precisarão ser recalculados sob nova base líquida.
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| Como calcular o Split Payment no dia a dia?
Vamos a um exemplo prático.
Imagine uma empresa vendendo um produto por R$10.000,00. Com alíquota combinada de 26,5% (IBS + CBS), o cálculo seria:
- Valor bruto da venda: R$ 10.000,00
- Tributos retidos via split payment (26,5%): R$ 2.650,00
- Valor líquido que entra no caixa da empresa: R$ 7.350,00
Esse valor líquido precisa suportar todos os demais custos operacionais e margem de lucro da empresa. Se antes o tributo era gerido “no tempo”, com prazos e possibilidade de compensações, agora ele é deduzido em tempo real, exigindo uma nova organização financeira.
| Quais são os principais desafios para as empresas?
- Gestão de caixa mais apertada: a perda da alíquota de tributos do fluxo entra como um novo fator de pressão sobre a liquidez.
- Adequação tecnológica: ERPs, sistemas de cobrança, conciliação e controle fiscal precisam ser compatíveis com o split.
- Reeducação financeira: desde o financeiro até o comercial, toda a empresa precisa entender que “valor de venda” já não é mais “valor recebido”.
- Planejamento de preços e margens: com o novo modelo, margens precisam ser recalculadas com base no valor líquido.
- Impacto no crédito e nas operações financeiras: instituições financeiras também precisarão adaptar suas ofertas, prazos e análises de risco com base nos fluxos líquidos.
| O que sua empresa pode fazer para se preparar?
A boa notícia é que o split payment ainda está em fase de transição. Mas isso não é desculpa para inércia. Pelo contrário: a preparação agora pode evitar dores de cabeça (e de caixa) mais adiante.
Aqui vão alguns passos concretos:
- Mapeie todas as operações afetadas: vendas à vista, vendas parceladas, boletos, cartões, plataformas de e-commerce.
- Simule o impacto no fluxo de caixa: use ferramentas e planilhas para calcular os valores líquidos por produto ou serviço.
- Recalcule margens e precificação: muitos preços atuais não suportarão a dedução direta de tributos.
- Atualize os sistemas de gestão: ERP, emissão de notas, conciliação bancária, relatórios contábeis.
- Capacite sua equipe financeira: o split muda a lógica operacional e exige nova mentalidade de gestão.
- Alinhe com contadores e consultores fiscais: eles serão aliados essenciais nessa reestruturação.
Logo, a adoção do split payment representa mais do que uma mudança operacional. Ela é uma ruptura cultural no modo como o dinheiro circula entre empresas, governo e instituições financeiras. Exige preparo, revisão de processos e reeducação gerencial.
Mas, acima de tudo, representa um convite à profissionalização e à transparência. Quem entende a nova lógica e se antecipa às exigências, não apenas sobrevive, cresce. Porque, num mercado cada vez mais fiscalizado, liquidez organizada é vantagem competitiva.
Pensando nisso, nós, da FAS Group, temos um time especializado e preparado para auxiliar empresas e seus sócios, mas também o contribuinte pessoa física em assuntos contábeis e tributários.
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